Corpo de Carolina Torres, conhecida como Noori, encontrado na Figueira da Foz


O corpo de Carolina Torres, mais conhecida por Noori, foi encontrado na praia da Leirosa, na Figueira da Foz, no dia 16 de novembro, confirmou a Polícia Judiciária ao Diário de Coimbra. A jovem de 18 anos tinha sido vista pela última vez a 9 de outubro, em Almada, e encontrava-se em “elevado estado de decomposição”. A confirmação da identidade só foi possível através de exames laboratoriais complexos realizados pelo Instituto de Medicina Legal.

Vida conturbada e conflitos familiares

Segundo relatos da mãe, Cristiana Gaspar, Noori enfrentava uma relação conturbada com os pais, separados, em especial com o pai, militar da Marinha. A jovem, diagnosticada com transtorno borderline, chegou a viver na rua após um “ultimato” do pai e, meses antes de desaparecer, tentou suicidar-se, sendo internada no Hospital Garcia de Orta.

Cristiana Gaspar explicou que Noori perdeu o contacto com ela durante quase dois anos: “Durante este ano e meio, quase dois anos, eu perdi o contacto do percurso da Carolina. Aliás, quando eu perguntava algumas coisas, era-me dito que o pai era o responsável pela Carolina”. Entretanto, o consumo de drogas e álcool continuava — segundo o que dizia ver nas redes sociais — e Noori estava a ser medicada e seguida em pedopsiquiatria.

A relação com o pai esteve marcada por confrontos físicos e uma queixa por violência doméstica apresentada por Noori, que foi retirada após a primeira audiência em tribunal. Após retomar a guarda partilhada, a jovem voltou a entrar em conflito com o pai aos 18 anos, saindo de casa e vivendo na rua, incluindo ocupas em Lisboa.

Possíveis indícios de raptos

A mãe revelou que alguns pertences de Noori foram encontrados em locais diferentes, o que a levou a acreditar que a jovem poderia ter sido raptada e não ter desaparecido voluntariamente: “Apareceu o cartão de telemóvel na zona do Pragal, em Almada, e apareceu o cartão de multibanco dela, primeiramente à porta de uma escola, depois foi encontrado nos perdidos e achados, e o cartão Revolut passado outros dias na mesma escola”, contou.

No dia antes do desaparecimento, Noori combinou com a mãe ir buscar alguns pertences, incluindo roupa e produtos de higiene, mas nunca apareceu, enviando depois uma mensagem de desculpa, alegando ter adormecido.

Apelos e mensagens da mãe

Cristiana Gaspar manteve um esforço constante nas redes sociais para localizar a filha, com mensagens de desespero e esperança: “Faz duas semanas que recebi a notícia de que tinhas desaparecido… O meu coração diz-me que não estás bem, mas vamos encontrar-te, filha! Não desistas, que nós também não vamos desistir de ti.”

Hoje, os pais confirmaram oficialmente o falecimento da filha, encerrando tragicamente o caso que mobilizou familiares, amigos e a comunidade online.

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